terça-feira, abril 14, 2009

Corre Lua, corre...

Corre Lua, corre... mas não se esqueça de equilibrar
Corre Lua, corre, mesmo sem saber aonde irá
A paisagem fica para trás, o vento leva seu respirar
Não há muito o que apreciar
O tempo não permite parar
Corre Lua, corre, se cair deve levantar
Corre Lua, corre... em algum lugar deve chegar

29.04.2006


Há muito tempo escrevi esses versos para mim. Hoje encontro-me na mesma sensação. Tantas horas passando diante de mim, tantas coisas para resolver, comemorar, viver. Parece que as 24 horas do dia não são suficientes para viver a vida como deveria. Mas ao mesmo tempo, se houvessem mais horas no dia, a certeza me grita que seriam mais horas corridas.

A sociedade louca criou um ritmo e estilo de vida desenfreado em vários sentidos. Precisamos de mais e mais tempo, cada vez mais. Você trabalha, estuda, está sempre se atualizando e há quem no meio dessa rotina exigida pelo melhor desempenho e capacidade, ainda encontre tempo para relaxar.

Difícil visualisar isso. Tempo. Relaxar. Aos poucos as pessoas desaprendem a parar, e assim, quando param logo procuram algo para se ocupar. Começam então os vícios. Um mal atual e crescente em uma sociedade desesperada por um forma - fácil, prática, instantânea - de satisfação, de prazer.

Outras caem no desespero do vazio de não saber como organizar sua vida, seu tempo, sem ficar para trás. O automático entra no dia a dia como um hóspede sem data de partida, e o dia a dia vira uma rotina imutável. Os imprevistos tornam-se pesadelos devastadores que perseguem a todos.

As relações humanas esfriam e a concorrência ganha peso. A balança desiquilibrada de uma vida aos trancos e barrancos aumentam as salas de espera de consultórios psiquiátricos e psicológicos.

Busca-se paz, compreensão, satisfação, contato humano, suporte, tempo!

É aí que eu entro.

Ajudar, ensinar, dar suporte... Desmistificar. Eu diria permitir as pessoas reaprenderem a falar consigo, com seu tempo, com seu limite. Esquece-se o que é bom, ou melhor, esquece-se de como o bom é bom. Vira segunda, terceiro, quarto plano na vida, até que deixa de fazer parte da vida. E as pessoas nem lembram mais a última vez que foram ao cinema.

Onde nossa sociedade vai parar?
Atualmente ela passa isso às crianças, na escola, no esporte, no francês, no inglês, na aula particular, no reforço, no dever, no ter que... e onde fica o lúdico, o poder, o parar, o brincar?

Desde cedo educamos a serem o que nos tornamos e do que no fundo, queremos fugir...
Mas se nós damos conta, por que elas não dariam?

Melhor eu parar por aqui. Já gastei muito tempo escrevendo, e você aí do outro lado, lendo.

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