sexta-feira, junho 01, 2012


A noite chegava abraçando-a. Possuía um toque leve e gelado. Ela arrepiava por dentro e assim o vazio ecoava em seu peito. Seu olhar perdido e distante procurava sem sucesso um ponto para se fixar. O corpo encolhido tremia, desprotegido e cansado. Um suspiro... nada mudava.

Não ansiava por coisas impossíveis, apenas desejava permitir-se. Permitir-se viver, entregar-se, sofrer, sorrir.
Mas tudo ao seu redor parecia um canal fora do ar, uma estação de rádio sem sintonia, um borrão quase apagado em uma tela.

Não reconhecia mais os caminhos à sua frente. Tão forte e tão segura, de repente via-se perdida em suposições que sangravam por suas cicatrizes. O corpo enrijecia e a voz falhava cantando uma melodia sem som.

O rosto umidecido borrava-se com a maquiagem tão perfeita de outrora.
Restava apenas a dúvida... em qual momento se perdera?

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